Crônicas do pensar demais: a hipotética eu

Para a felicidade de quem ficou super animado com a criação desse blog: eu voltei, depois de muitos meses (desculpa). O período entre setembro e janeiro na minha vida foi uma coisa que eu jamais imaginaria que seria possível sobreviver, e aqui estamos!! Parte foi sim falta de coisas pra falar, outra parte foi a insegurança de ter um suposto público muito crítico (que não existe), mas um grande fator foi a minha saúde, e é sobre isso que irei falar hoje, junto com essa pintura que estava em andamento desde outubro de 2024.

Inércia (2024-2025)

O título dessa grande obra (grande em tamanho mesmo, 60x50 a maior tela que já pintei) é "Inércia" e fala sobre a dificuldade de botar pra fora todos os pensamentos e ideias devido a um estado de exaustão física. Em outras palavras e de acordo com o mais recente hemograma, eu só sou muito anêmica mesmo e esse cansaço/preguiça/esgotamento/incapacidade de fazer minhas coisas do dia a dia era apenas minha ferritina estar 10.8 (o mínimo é 22). Sim, isso é um absurdo. E pra surpresa de todo mundo, eu me alimento bem DE VERDADE, como verduras, frutas, vegetais e alimentos nutritivos num geral todo santo dia, 90% do meu prato é salada com tudo que é possível, amasso um grão de bico com feijão, brócolis, couve, espinafre (eu sei de muitos alimentos com ferro) e o único motivo pra eu penar em ter o básico de energia é porque meu corpo por si só não absorve ferro, ele na verdade expele tudo de uma vez, mas isso é papo pra outros exames que eu ainda não fiz.

"meu deus, e como você sequer ficava em pé?" e eu te respondo, EU NÃO FICAVA. Na verdade eu passava a maior parte do meu tempo sentada ou deitada, como você pode ver em -quase- todas as minhas pinturas, que possuem pessoas sentadas ou deitadas, inclusive os retratos como ilustrado abaixo.

todo mundo sentadinho descansando

E bem, sem energia é óbvio que é uma tarefa impossível colocar muitas ideias no papel, tocar projetos, fora que a loja e todas as feirinhas precisavam de tempo e atenção, então eu tava sempre muito mais cansada do que o normal. Até que eu tirei meu recesso, viajei e minha saúde foi piorando sem eu perceber -- porque isso é uma coisa típica minha, as coisas claramente acontecem na minha frente mas se eu não tomo um tapa na cara eu vou achar que é coisa da minha cabeça -- e quando cheguei em casa, bem... foi difícil embalar os pedidos quando eu só queria ficar deitada.

uma vez minha pressão caiu no meio de um passeio e eu comecei a ver tudo se mexendo como ondinhas, foi bizarro.

Felizmente havia muitas pinturas deixadas em mais da metade do ano passado, e que aos poucos eu vou finalizando pra postar e anexar a um postzinho no blog pra falar sobre elas.

E Inércia em questão é uma ideia que estive polindo desde setembro com os primeiros esboços, ou seja, é um problema que existe há um bom tempo (11 anos pra ser mais exata, com idas e vindas).

Mas não se preocupe, sim eu estou tomando meus remédios NA VEIA desde janeiro, então aos poucos as coisas vão ficando tudo bem. Acho que deu pra perceber que eu to um pouco melhor, né?

esboço original feito com canetinhas

Essa pintura é o meu auge no mixed media: tinta guache, tinta acrílica, colagem, marcadores, giz pastel oleoso, lápis de cor, tinta dourada e canetinhas formam uma composição complexa com muitas texturas que retratam elementos simples. Tudo que é riscado, incerto e beira o abstrato representam o emaranhado de ideias que não saem do imaginário enquanto o que é concreto está realmente ali e existe dentro do meu quarto. A colagem é composta por uma fotografia de mim mesma (que me recuso a mostrar, eu to horrível nossa) e elementos desenhados em retalhos de vinil adesivo colados na representação de um caderno são desenhados com canetinhas e lápis de cor - que é real e tem sim adesivos. No mais, acho que passei tempo demais olhando pra ela pra perceber pós-envernizar que eu esqueci de alguns detalhes que eu genuinamente ia polir pra deixar mais parecido com o real, mas não vou falar e espero que ninguém perceba isso, quem perceber por favor releve, faz parte do processo. Um espaço pra falar que essa pintura foi feita em cima de outra pintura, porque quando eu me canso das minhas próprias ideias duas camadas de gesso acrílico misturado com tinta salvam uma tela que seria abandonada, ou até foi por uns meses. Na verdade, difícil é não ter uma tela cujo possui uma (ou VÁRIAS) pinturas escondidas por debaixo, então pode não parecer, mas eu produzo muito, só não mostro o produto final na maioria das vezes porque ele sequer chega a existir. Abaixo é a tela que essa pintura já foi.

se lembra dela? pois é, eu cansei e achei a ideia muito fraca

Interessante, não é? Eu acho que apesar de escondido, dá um toque a mais pra todas as minhas produções físicas, cabe ao próximo dono de outras telas descobrir o que tem por baixo e isso cair na mão de curadores pro preço triplicar daqui a muitos anos muehehehe

Sim eu passo tempo demais na minha cabeça.

Antes que eu me esqueça, cuidem da saúde de vocês, um problema simples e relativamente fácil de se resolver pode virar uma bola de neve que vai te consumir.

Me digam o que acharam de saber sobre o processo criativo dessa tela, se é interessante abordar isso mais vezes e se é válido eu trazer algumas experiências pessoais ao contar sobre ele!

Até o próximo post :) Beijinhos corujísticos 𓅓